Não confunda os sintomas do novo Coronavírus com a Dengue

Neste início de 2020, há a confirmação de que pelo menos 14 pessoas morreram por dengue no país. A comparação de óbitos com 2019 ainda é incerta, já que os números ainda podem mudar bastante conforme chegam os resultados de analises laboratoriais e à medida que os Estados e municípios enviam seus informes ao ministério. Mas o ministério já trabalha com um cenário de aumento de casos de dengue para este ano, e alguns municípios e Estados pelo país decretam alerta para uma epidemia de dengue – que é definida quando há uma taxa de 300 casos confirmados de doença para cada 100 mil habitantes.

A dengue é uma doença febril causada por um vírus que é transmitido por mosquitos

Existem 4 sorotipos de vírus: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um sorotipo só confere imunização contra o próprio, podendo o indivíduo ter dengue novamente se for exposto a outro subtipo.

Estima-se em 100 milhões o numero de pessoas infectadas anualmente em todo mundo. A maioria dos casos ocorre na América Latina, Ásia e África, locais onde há grande concentração do mosquito Aedes aegypti. Em Portugal, o mosquito pode ser encontrado na ilha da Madeira.

O mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde com dados sobre a dengue aponta que o numero de casos prováveis da doença – aqueles que são notificados à pasta pelos Estados – cresceram 19% nas cinco primeiras semanas do ano em comparação com o mesmo período de 2019.

Sintomas da Dengue

Uma vez picado pelo mosquito carreador do vírus, o tempo de incubação é, em média, de 4 a 7 dias. Os sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, causam os mesmos sintomas, não sendo possível distinguí-los somente pelo quadro clínico.

O espectro de manifestações da dengue varia desde um quadro assintomático, ou com mínimos sintomas, até a temida dengue hemorrágica. Sim, voce leu corretamente, é perfeitamente possível se contaminar com um dos tipos de vírus da dengue e nada apresentar, isso é particularmente verdadeiro em adolescentes e crianças.

Nos pacientes que desenvolvem sintomas, temos duas apresentações típicas: o dengue clássico e hemorrágico.

Sintomas da dengue clássica

A dengue clássica se manifesta como um quadro de febre alta, acompanhado de cefaleias (dores de cabeça), dores nos olhos, fadiga e intensa dor muscular e óssea, o que justifica a alcunha de “febre quebra-ossos”. Outro sintoma comum é o rash, manchas avermelhadas predominanes no tórax e membros superiores, que desaparecem momentaneamente a digito pressão. O rash normalmente surge a partir do 3º dia de febre.

Atenção agora: alguns pacientes com dengue clássica podem apresentar pequenos sangramentos no nariz e na gengiva. A presença de sangramentos não indica obrigatoriamente o diagnóstico da forma hemorrágica.

Outras manifestações como diarreia, vômitos, tosse e congestão nasal são comuns e podem levar à confusão com outras viroses.

O quadro de dengue clássica dura de 5 a 7 dias e desaparece espontaneamente. O paciente costuma curar-se sem sequelas.

Sintomas da dengue hemorrágica

A dengue hemorrágica é a manifestação mais grave da doença. Caracteriza-se por alterações na coagulação do sangue e por inflamação difusa dos vasos sanguíneos, nomeadamente dos capilares (menores vasos do corpo). Como resultado, temos as seguintes manifestações:

  1. Aumento da permeabilidade dos vasos. A inflamação dos capilares (capilarite) faz com que haja extravasamento de líquido para os tecidos, podendo causar derrame pleural e ascite (água dentro da cavidade abdominal). O extravasamento pode ser tão intenso que o doente pode evoluir para choque circulatório.
  2. Trombocitopenia (queda do número de plaquetas). As plaquetas são células que fazem parte do sistema de coagulação. São as primeiras linhas de defesa contra sangramentos. Indivíduos normais apresentam uma contagem entre 150 mil e 400 mil plaquetas. Na dengue hemorrágica esse numero cai para menos de 100 mil, às vezes menos que 10 mil (trombocitopenia grave).

Devido à queda das plaquetas e à inflamação dos vasos, os pacientes apresentam tendências a sangramentos. Mais uma vez, a presença de sangramentos sem evidencias de capilarite e plaquetas abaixo de 100 mil não caracteriza a dengue hemorrágica. Entretanto, como a forma hemorrágica evolui em horas, na dúvida, é melhor sempre levar o paciente para ser avaliado por um médico.

Um sintoma muito comum na dengue hemorrágica é a dor abdominal. Também pode ocorrer hepatite pela dengue.

Sinais de gravidade

  • Dor abdominal intensa e contínua;
  • Pele fria, úmida e pegajosa;
  • Hipotensão (choque);
  • Sangramentos que não cessam espontaneamente;
  • Letargia;
  • Dificuldade respiratória.

Diagnóstico

O diagnóstico do dengue clássico sempre foi clínico, pois, até há pouco tempo atrás, as sorologias só ficavam positivas vários dias depois do início dos sintomas. O paciente procurava atendimento médico com sintomas típicos, mas não havia um exame que pudesse confirmar a doença. Para confirmação sorológica, o paciente tinha que retornar ao posto médico 5 dias depois para colher sangue. Como nesta fase a maioria já havia se curado, poucos voltavam para confirmar o diagnóstico

Essa história mudou desde a chegada ao mercado do teste rápidos para dengue, conhecido como Assure IgA Teste Rápido. Esta nova técnica de sorologia pesquisa os anticorpos IgA, que já estão presentes no sangue no primeiro dia de sintomas da dengue. Os anticorpos IgG e IgM, usados nos exames antigos, precisam de 4 a 5 dias para serem detectados.

Portanto, o teste rápido pode ser feito em qualquer pessoa com sintomas sugestivos de dengue, mesmo no primeiro dia de doença. O teste rápido é capaz de identificar todos os 4 sorotipos do vírus e tem uma sensibilidade de 85 a 90%. Outra vantagem do teste rápido é o fato do resultado ficar pronto em apenas 40 minutos. É mais rápido que um hemograma.

Para o diagnóstico da dengue hemorrágica, além do teste rápido positivo, são também necessárias a queda do numero de plaquetas e uma elevação do hematócrito, alterações que podem ser identificadas através do hemograma.

Tratamento

Não existe tratamento específico para dengue O indicado é repouso e ingestão generosa de líquidos.

O mais importante é descartar doenças com apresentações semelhantes e que possuem tratamento específico, como malária, leptospirose e meningite. 

Pacientes com sinais de gravidade devem ser internados e tratados agressivamente para evitar progressão do choque circulatório.

Ainda não existe vacina comercialmente disponível para a dengue, apesar de já existirem algumas em fase de testes.

O que não tomar quando se tem dengue?

O ácido acetilsalicílico (AAS), também conhecido pelo nome comercial Aspirina, é um medicamento contraindicado na dengue por ser uma droga que diminui a função das plaquetas.

Como o doente com dengue já apresenta tendências hemorrágicas e um número reduzido de plaquetas, inibir a função das remanescentes aumenta o risco de eventos hemorrágicos. Para aliviar as dores e a febre os fármacos mais indicados são a Dipirona (Metimazol) e o Paracetamol

Prevenção

A medida mais importante na prevenção da dengue é combater o mosquito, suas larvas e ovos. Para isso, é importante não deixar recipientes que possam acumulas água ao ar livre. Isto inclui, latas, pneus, baldes, vasos de plantas, garrafas, etc.

Tanques de água que fiquem ao ar livre devem ser lavados semanalmente para se retirar os ovos que possam estar grudados nas suas laterais. Os pratos dos vasos de plantas devem receber terra para evitar acumular água parada. Não deixe água sobre a laje e retire folhas das calhas para que a água possa fluir.

O uso de carros “fumacê” só está indicado nos períodos de epidemia, pois ele só mata o mosquito, não interferindo nas larvas e ovos. O fumacê, portanto, não impede o surgimento das epidemias, mas ajuda a controlar temporariamente a população de mosquitos durante uma.

Quer saber mais sobre a Dengue e outras doenças? No nosso blog você encontra varias outros temas, inclusive mais informações sobre a Dengue. Confira!

Fontes:

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51667748

https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dengue/

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