“Nós temos um enorme interesse pela educação”
É com esta afirmação que Sir Ken Robinson, abriu a sua conferência no Ted em 2006 na Califórnia, EUA.
Professor emérito da Universidade de Warwick, na Inglaterra, Robinson foi consultor de governos europeus, asiáticos e americano. Na Grã-Bretanha, elaborou para o primeiro-ministro Tony Blair (1997 – 2007) relatórios de estratégias sobre criatividade, cultura e educação e participou do processo de paz da Irlanda do Norte nos anos 90. Autor de best-sellers, Robinson conclama o mundo para uma revolução na educação, criando nas escolas um ambiente propício para que os talentos floresçam.
“Eu posso garantir com plena certeza que ninguém tem a menor ideia de como será o mundo daqui 5 anos, que dirá daqui 10 anos, e no entanto, estamos educando as nossas crianças da mesma forma como educávamos no século passado”.
NÓS TEMOS um enorme interesse em educação e parte desse motivo é que acreditamos que estamos assim preparando nossas crianças para um futuro, mesmo que não tenhamos a menor ideia de como este será.
Sir Ken Robinson conta que havia uma garotinha em uma aula de desenho, ela estava de cabeça baixa concentrada em seu desenho até que a professora chegou e perguntou: “O que é que você esta desenhando?”. A garotinha imediatamente respondeu: “Eu estou desenhando Deus”, a professora então indagou: “Mas ninguém sabe como é a imagem de Deus”, e prontamente a garotinha disse: “Eles saberão em um minuto”.
O que este exemplo mostra é que as crianças não tem medo de estarem erradas, se elas não sabem elas arriscam. O que não significa que estão sendo criativas, mas o fato de não ter medo de estar errado é que permite que ideias originais apareçam. “Se você não esta preparado para estar errado, você nunca vai fazer nada original”.
Todos acreditamos na extraordinária capacidade que as crianças tem para inovar mas quando ficam adultas grande parte dessa capacidade se perde. As pessoas ficam com medo de errar, nas escolas e universidades, o “erro” é tratado como a pior coisa a se fazer, e como resultado, o sistema educacional está desenvolvendo o indivíduo longe da sua criatividade.
O que há de errado com nosso sistema educacional?
Ken Robinson – Somos formados por um sistema educacional fast-food, em que tudo é padronizado, industrializado. Temos de mudar isso para uma educação manufaturada, orgânica. E aprender que o florescimento humano não é um processo linear e mecânico, mas orgânico. A educação precisa ser customizada para diferentes circunstancias e personalizada. É preciso criar um sistema em que as pessoas busquem suas próprias respostas.
O Sr. pode dar um exemplo concreto?
Ken Robinson – As escolas gastam muito tempo com matemática, por exemplo, mas há muito pouco de arte, que, para mim, é fundamental em nossas vidas. As artes visuais e a dança são expressões dos sentimentos humanos, da nossa cultura, mas nas escolas são deixadas de lado, ou pior, até ignoradas. As escolas são obcecadas com um tipo específico de talento e acabam ignorando os outros. Desde a minha juventude, estive cercado de pessoas que me pareciam extremamente talentosas, divertidas e interessantes, mas que estavam profundamente frustradas e pensavam que não tinham nenhum talento, não acreditavam que poderiam conquistar algum respeito. Ao mesmo tempo, também conheci outras que alcançaram muitas coisas. Sempre achei que a educação era a solução para isso.
Como é possível mudar essa situação?
Ken Robinson – É preciso tornar a educação mais pessoal, em vez de linear. A vida não é linear. Embora isso seja difícil, não há outra alternativa. Se quisermos encorajar as pessoas a pensar, temos que encorajá-las a serem aventureiras e a não ter medo de cometer erros. Ao longo da vida, os indivíduos vão se tornando mais conscientes e constrangidos e ficam com medo de cometer erros, porque passam por situações em que dão respostas erradas, se sentem estúpidos e não gostam deste sentimento. É preciso criar uma atmosfera, tanto na escola quanto no trabalho, em que não há problema em estar errado.
O Sr. é a favor de uma grande reforma escolar?
Ken Robinson – Muitos sistemas educacionais pelo mundo estão sendo reformados. Mas reforma é inútil agora. Precisamos de uma revolução na educação, transformá-la em outra coisa. Inovar é difícil porque é preciso lidar com coisas não óbvias, fora do senso comum. As crianças hoje, por exemplo, vivem em um mundo digitalizado, enquanto nossa educação é do século passado. Eu sei que é trabalho árduo, que implica um grande esforço para ser revertido, mas no mundo inteiro há países que estão tentando consertar isso com seriedade. Os pais também tem seu papel e eles devem começar por dar o exemplo, ou seja, eles próprios aprendendo mais sobre seus talentos.
É possível recuperar a criatividade depois de ser educado dessa forma impessoal?
Ken Robinson – Sim. Primeiro você precisa entender o que é criatividade. As pessoas pensam que ser criativo é fazer coisas especiais e que poucas pessoas são especiais. Ou, então, que pessoas criativas são aquelas com espírito livre e um pouco loucas. Mas para ser criativo basta que você esteja executando qualquer coisa, ninguém é criativo na esfera abstrata. E isso pode ser resgatado em qualquer momento da vida.
Como o Sr. educou seus filhos?
Ken Robinson – Sempre tentei encorajá-los nas coisas em que eles demonstravam interesse. Minha filha é professora em Los Angeles e meu filho é ator e agora está tentando se tornar escritor. No final das contas, você não pode viver a vida deles por eles, mas apenas estimulá-los a aproveitar as oportunidades.
Eu gosto de pensar que Sir Ken Robinson é um indivíduo criativo per si, quando assisti pela primeira vez a sua conferência no Ted, isso foi a mais ou menos 2 anos atrás, eu não fazia ideia do que se tratava Ted ou muito menos quem era “Sir Ken Robinson”, mas pela forma engraçada e simples com que ele se comunica decidi pesquisar um pouco mais sobre o assunto: Criatividade.
Acredito que grande parte das ideias de Ken Robinson são boas, fazem sentido no cenário atual que vivemos, a educação no nosso pais não é nenhum exemplo de referencia, mas e se começarmos a mudar desde já? E se ao invés de esperarmos que nossos iluminados governantes façam alguma coisa, nós fizermos? A empresa Paula Tostes Diagnósticos acredita muito nisto, nós estamos mudando a nossa cultura buscando um olhar diferente para os problemas deste novo século, afinal de contas, não é só a educação que está atrasada, as empresas, o modelo de gestão empresarial do ultimo século foi importantíssimo para o momento atual, contudo, será o bastante para o “Século Líquido” que vivemos?
Achamos que não!
Fontes:
https://istoe.com.br/81169_A+ESCOLA+MATA+A+CRIATIVIDADE+