Insuficiência cardíaca: quando a “bomba” decide parar

Após décadas de trabalho estressante, no limite da capacidade, o coração pediu arrego. Ele fez tudo o que podia para garantir que o sangue fosse distribuído pelo organismo: acelerou as batidas, ficou mais forte, ganhou até volume(…) Mas nada trouxe resultado. Todas essas mudanças de padrão, pelo contrário, só pioraram as coisas. Na prática, isso significa que o fôlego acabou em uma caminhada mais intensa até a esquina. Literalmente!

Essa novela, que pode terminar no colapso do órgão, se desenrola todos os dias no peito de 6 milhões de brasileiros. Eles sofrem de insuficiência cardíaca.

Se esta cena não é estranha para você ou conhece alguém que passa por esses sintomas diariamente, fique atento aos sinais da insuficiência cardíaca descritos abaixo.

VAMOS FALAR DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA!

Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa decorrente de uma anormalidade estrutural e/ou funcional que causa alteração do enchimento ou da ejeção ventricular e resulta em um débito cardíaco diminuído e/ou elevadas pressões intracardíacas. Apesar de a síndrome clínica surgir como uma consequência dessas anormalidades, muitos pacientes podem apresentar achados que variam desde um ventrículo de tamanho e função normais até uma importante dilatação ou disfunção ventricular.

É caracterizada por sintomas típicos (como dispneia, edema de membros inferiores ou fadiga) que pode ser acompanhada de sinais (como elevada pressão venosa jugular, crepitantes pulmonares e edema periférico). Embora a definição só abranja estágios em que os sintomas clínicos são aparentes, pacientes podem apresentar anormalidades cardíacas funcionais e/ou estruturais assintomáticas.

As alterações hemodinâmicas comumente encontradas na IC estão relacionadas à resposta inadequada do débito cardíaco e à elevação das pressões pulmonar e venosa sistêmica, sendo que a redução do débito cardíaco, presente na maioria das formas de IC, é responsável pela inapropriada perfusão tecidual. No início, esse comprometimento se manifesta durante o exercício, mas com a evolução da doença, os sintomas passam a ocorrer com esforços progressivamente menores, até serem observados ao repouso.

QUAL O IMPACTO DESSA DOENÇA NO NOSSO DIA-A-DIA?

Estima-se que a síndrome de IC acometa cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo, com taxas de incidência e de prevalência alcançando proporções epidêmicas, evidenciadas pelo considerável aumento do número de internações e de óbitos atribuídos à IC, além do crescente gasto com o cuidado desses pacientes. A prevalência é de aproximadamente 1-2% da população adulta em países desenvolvidos, sendo superior a 10% nos indivíduos com mais de 70 anos de idade. Apesar de a incidência relativa ser menor em mulheres, elas constituem pelo menos metade dos casos de IC, devido a maior expectativa de vida observada no sexo feminino. Dessa forma, a prevalência geral é maior nas mulheres com 80 anos ou mais de idade. A IC apresenta mortalidade próxima de 12%, sendo maior entre homens negros. No Brasil, em 2007, as doenças cardiovasculares (DCV) foram a principal causa de morte e a terceira causa de internação, sendo a IC a principal condição cardíaca que leva à internação, responsável por 2,6% das internações e 6% dos óbitos.

A etiologia da IC é diversa e pode variar em termos de prevalência dependendo da região considerada. De maneira geral, qualquer condição capaz de causar alterações na estrutura ou na função do VE pode predispor ao desenvolvimento de IC e não é incomum que haja uma sobreposição de mecanismos responsáveis pela falência do coração.

Embora não haja uma classificação etiológica específica, podemos dividí-las em três mecanismos principais: doenças que afetam o miocárdio, condições de sobrecarga anormal e arritmias. A cardiopatia isquêmica é a principal causa de IC, responsável por aproximadamente 60 a 75% dos casos. No nosso país, as cinco principais etiologias relacionadas à IC são: cardiopatia isquêmica, hipertensão arterial, valvulopatias, cardiomiopatia tóxica (por exemplo, cardiomiopatia associada ao uso de quimioterápicos) e doença de Chagas. Outros fatores de risco associados ao desenvolvimento de IC são diabetes, obesidade, tabagismo, infecções virais, exposição a toxinas, consumo excessivo de álcool, entre outros.

SOBRE AS CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Como já dito, o coração é composto basicamente por músculos. Qualquer situação que provoque perda de força do músculo cardíaco irá resultar em insuficiência cardíaca.

Infarto agudo do miocárdio

A principal causa de insuficiência cardíaca é a isquemia cardíaca ou o infarto do miocárdio.

Infarto significa morte tecidual, que no caso do coração se refere ao músculo cardíaco. Logo, quanto mais extenso for o infarto, mais fibras musculares morrerão e, consequentemente, mais fraco ficará o coração. Se o infarto necrosar uma extensa área, o paciente pode até morrer por falência aguda da bomba cardíaca, que é chamada de insuficiência cardíaca aguda. A insuficiência cardíaca também pode se desenvolver lentamente nos pacientes com doença isquêmica. O paciente pode sofrer vários pequenos infartos ao longo dos anos – com ou sem sintomas claros – provocando um progressivo acúmulo de tecido cardíaco necrosado e insuficiente.

Nesses casos, a insuficiência cardíaca se instala de forma mais lenta.

Hipertensão arterial

Outra causa comum de insuficiência cardíaca é a hipertensão arterial não controlada adequadamente. Quando o paciente apresenta uma pressão arterial elevada, o coração precisa fazer mais força para vencer a resistência dos vasos sanguíneos e distribuir o sangue pelo corpo. Assim como ocorre com qualquer músculo que é exposto a um estresse frequente, a parede dos ventrículos começa a crescer e ficar mais forte, um processo chamado hipertrofia cardíaca. O que parece ser algo bom é na verdade a fase precoce de uma insuficiência cardíaca. O tipo de hipertrofia do coração que ocorre na hipertensão arterial é diferente daquela que ocorre nos atletas que possuem o coração mais forte.

Como quem manda o sangue para o corpo é o ventrículo esquerdo, ele é quem mais sofre com as pressões arteriais elevadas. Quando realizamos um Ecocardiograma, o primeiro sinal de sofrimento cardíaco pela hipertensão é a hipertrofia do ventrículo esquerdo.

Essa fase precoce da insuficiência cardíaca é o momento ideal para que o tratamento médico seja instituído, pois ainda há possibilidade de reversão do quadro.

Se a hipertensão não for tratada e permanecer alta por anos a fio, o coração irá sofrer até o ponto em que não consegue mais se hipertrofiar.

Imaginem um elástico que você puxa o tempo todo. Uma hora ele acaba por perder sua elasticidade e fica frouxo. É mais ou menos isso que ocorre com o coração. Depois de muito tempo sofrendo estresse, o músculo cardíaco começa a se estirar e o coração fica dilatado e fraco.

Nessa fase dilatação cardíaca temos um músculo com pouca capacidade de contração e um coração que já não consegue bombear o sangue adequadamente, passando a apresentar o que chamamos de insuficiência cardíaca sistólica.

Doenças das válvulas cardíacas

Outra causa comum de insuficiência cardíaca são as doenças das válvulas do coração.

Sempre que uma válvula cardíaca apresenta alguma alteração, seja congênita ou adquirida durante a vida, como nos casos de endocardite, febre reumática, calcificação das válvulas, etc., o coração começa a ter dificuldades em bombear o sangue, iniciando-se o processo de dilatação semelhante ao da hipertensão.

Ficou muito complicado de entender?

Pois bem, saiba que o diagnóstico precoce é o que vai permitir que o médico interceda com sucesso em um possível cenário de doença. Faça visitas frequentes ao seu cardiologista e cuidado com a sua saúde. Isso vai garantir que a sua “bomba” funcione bem por muitos anos.

Quer saber mais sobre outras doenças?

Dá uma olhadinha no nosso blog, semanalmente nós postamos coisas novas. Olha la!

 

Fontes:

https://saude.abril.com.br/medicina/insuficiencia-cardiaca-quando-a-maquina-quer-pifar/

https://www.mdsaude.com/cardiologia/insuficiencia-cardiaca/

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