Aula I: Introdução ao exame Papanicolau – “exame preventivo”

Eu tenho quase certeza que, se você é mulher, e está em idade adulta e ativa sexualmente, você já fez este exame. O exame Papanicolau é uma homenagem ao patologista que o criou no início do século passado. Mas você pode ter escutado outros nomes por ai, como: citologia oncótica, exame preventivo, colpocitologia, esfregaço cervicovaginal, etc. Todos estes nomes só querem dizer uma coisa, que é um exame de extrema relevância para o cuidado da saúde da mulher.

Agora que já deixamos claro a importância de tal exame, quero lhe convidar à conhecer um pouco mais sobre este exame e tenho certeza que com algumas informações chaves você vai ficar menos perdida caso queira bisbilhotar o laudo da próxima vez que for ao seu médico.

Qual a relevância do exame Papanicolau?

O principal objetivo do exame Papanicolau é detectar precocemente alterações pré-malignas na mucosa do colo do útero, geralmente provocadas pelo vírus HPV, de forma que o ginecologista possa intervir a tempo, impedindo o surgimento de um câncer invasivo. Quando detectado em fases iniciais, o câncer de colo do útero é plenamente curável.

O Papanicolau é um exame de rastreio, ou seja, ele não faz o diagnóstico do câncer de colo uterino. Quem faz o diagnóstico do câncer é a biópsia do colo do útero. O papel do exame preventivo é dizer quais são as mulheres que possuem um risco maior de terem lesões pré-malignas e, portanto, precisam ser submetidas à biópsia e tratamento.

ANATOMIA DO COLO DO ÚTERO

Não há como compreender o exame de Papanicolau sem saber pelo menos o básico da anatomia do colo do útero.

Se voce souber o que significam termos como JEC, epitélio escamoso, mataplasia e sona de transformação, ficará muito fácil entender os seus resultados. Utilize as ilustrações abaixo para facilitar a compreensão do texto.

Imagine uma pera de cabeça para baixo. Essa é, mais ou menos, a aparência do útero. O colo do útero, também chamado de cérvix uterino, é a porção mais inferior e estreita do útero.

O colo do útero é um pequeno canal de 2 a 3 cm de diâmetro, com formato cilíndrico, que faz a ligação entre a vagina e o corpo do útero. Na extremidade do colo do útero existe um orifício, chamado óstio uterino, que é por onde sai a menstruação e entram os espermatozoides.

A região do colo uterino é muito mais susceptível ao aparecimento de tumores malignos que o restante do útero, pois é ela quem fica em contato direto com o canal vaginal, estando, portanto, mais exposta ao pH ácido da vagina, a infecções, traumas, etc.

Na verdade, não é todo o colo do útero que é susceptível ao surgimento de câncer, mas sim a região ao redor do óstio uterino, como iremos explicar adiante.

O tecido que reveste o colo uterino não é todo homogêneo:

  • O canal interno do colo uterino, chamado de endocérvice, é revestido por um epitélio colunar simples, uma única camada de células, que contém algumas glândulas responsáveis pela secreção do muco cervical. Esse tecido costuma ser chamado de epitélio colunar ou epitélio glandular.
  • A parte externa do colo uterino, que fica em contato com o canal vaginal, é chamado de ectocérvice, sendo revestido por um epitélio escamoso, semelhante ao da vagina.

O epitélio colunar da porção interior do colo do útero (endocérvice) é muito mais frágil que o tecido escamoso da ectocérvice, que precisa ser mais resistente, pois fica em contato direto com o canal vaginal.

Até a puberdade, a fronteira entre o epitélio colunar escamoso fica bem na entrada do óstio, exatamente onde termina a endocérvice e inicia-se a ectocérvice. O ponto que divide ambos tecidos é chamado de JEC (junção escamo-colunar). Após a puberdade, a anatomia do colo uterino muda. Parte do endocérvice se exterioriza, empurrando a JEC para fora do óstio uterino.

Estas alterações anatômicas fazem com que uma parte do frágil tecido colunar, que antes ficava protegido dentro do endocérvice, fique agora exposto ao meio hostil da cavidade vaginal.

Como forma de defesa, o tecido colunar sofre uma alteração chamada metaplasia escamosa, que consiste na transformação do epitélio colunar em epitélio escamoso. Toda a região exteriorizada que sofre metaplasia é chamada de zona de transformação.

A metaplasia em si não é considerada uma lesão maligna o pré-maligna, ela é apenas um processo fisiológico de defesa da mucosa. Portanto, é perfeitamente normal aparecer no laudo do Papanicolau a presença de metaplasia escamosa.

A zona de transformação, ou seja, o local que sofreu metaplasia escamosa, tem grande importância na realização do Papanicolau, pois é este o sítio onde o vírus HPV costuma se fixar, tornando-se, portanto, uma área extremamente susceptível ao aparecimento de tumores malignos. Logo, como o teste de Papanicolau é um exame de rastreio do câncer do colo uterino, é essencial que durante o procedimento o médico consiga obter material vindo da JEC e da zona de transformação (ZT).

Como é feito o exame Papanicolau?

O exame de preventivo é feito através da análise de material celular colhido da região do óstio cervical e ao redor do colo uterino, de forma a obter células da ectocérvice, endocérvice, zona de transformação e JEC. Essas células colhidas são então analisadas por um citologista ou por um patologista.

Este exame deve ser realizado, de preferência, fora do período menstrual. Também sugerimos às mulheres que evitem relações sexuais, ducha vaginal, aplicação de gel ou uso de absorvente interno nas 48 horas precedentes ao exame.

Quando o exame preventivo deve ser realizado?

O exame Papanicolau deve ser realizado em todas as mulheres com vida sexual ativa. O tempo de intervalo entre cada exame varia de acordo com as sociedades de ginecologia de cada país. No Brasil, o habitual é indicar um intervalo de 1 ano entre os exames nos 3 primeiros exames. Se estiver tudo bem, os testes seguintes podem ser feitos com intervalos de 3 anos. Se, entretanto, a paciente tiver um tipo agressivo de vírus HPV, o exame deve ser feito com intervalos de até 6 meses.

Na próxima Aula vamos conversar sobre o laudo citológico e o que você precisa saber para entender um pouco melhor o seu exame de Papanicolau.

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Fonte:

www.MDSaúde.com

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