Muitos países do mundo recomendam que a população use máscaras em público como parte da estratégia de contenção do vírus COVID-19. Neste artigo vamos explorar o uso de máscaras do ponto de vista de pessoas que não fazem uso de máscaras e discutir o que as evidencias científicas falam sobre isso.
Desde o começo da pandemia do COVID-19, cientistas e especialistas vem debatendo se o uso de máscaras deve ser usado de maneira generalizada e se ainda, estas máscaras deveriam ser máscaras médicas ou poderiam ser máscaras caseiras. Desde Abril, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA recomendam que o uso de máscaras deve acontecer sempre quando em locais onde não há possibilidade de distanciamento físico.
Outros países, como Reino Unido e Alemanha, tornaram o uso de máscaras em transporte público de caráter obrigatório.
Mesmo sendo o uso de máscaras de uso tão simples, muitas pessoas ainda resistem à essa medida protetiva. Neste artigo vamos explorar quatro razões apontadas por pessoas que não querem usar máscaras. Veja só!
- “As máscaras não oferecem nenhuma proteção par que a está utilizando de fato”
O motivo primário de incentivar o uso de máscaras onde não há possibilidade de distanciamento físico é para proteger o usuário da máscara. O outro efeito do uso de máscaras é para impedir que as pessoas que estão com o vírus de forma assintomática ou pré-sintomática espalhem o vírus. Controlando assim a fonte do vírus. É importante lembrar que vários estudos já comprovaram a eficácia da simples cobertura do nariz e da boca com um tecido reduz o numero de transmissão do vírus.
- “Não há evidência científica suficientes sobre a eficácia do uso de máscaras.”
A professora Trisha Greenhalgh da Universidade de Oxford tem dado todo seu apoio ao uso de máscaras e tem falado em varias jornais científicos sobre a eficiência de uso. “Modelos matemáticos sugerem que a máscara tem uma eficácia de 60% no bloqueio do COVID-19 e se 60% da população utiliza-se máscara o RO seria reduzido para menos que 1.0.”
“RO” é o termo técnico para o número de reprodução básica, que se refere ao número de outras pessoas que uma única pessoa contaminada pode transmitir a infecção.
Quando o “RO” é menor que 1.0, significa que cada pessoa com o COVID-19 irá transmitir o vírus para menos do que uma pessoa, reduzindo assim o número de casos na população ao longo do tempo.
Um estudo realizado recentemente pelo BMJ GLOBAL HEALTH observou em uma amostra de 124 famílias que o uso de máscaras teve uma eficácia de 79% na redução de transmissão entre familiares quando o uso era feito antes do aparecimento dos primeiros sintomas.
- “As máscaras podem aumentar o risco de contaminação.”
Segundo a WHO (World Health Organization) as máscaras podem ser uma fonte de infecções para quem as utiliza. Em um estudo realizado em 2017 envolvendo 16 profissionais de saúde, mostrou que as contaminações aconteciam enquanto o voluntário estava colocando ou retirando a máscara.
O CDC recomenda que as pessoas não toquem no rosto enquanto estiverem usando a máscara em público e se for preciso, lavar as mãos após tocar a face ou a máscara.
Em relação à contaminação com outras doenças, não existem evidencias de que o uso de máscaras aumenta o risco de infecções do tipo pneumonia, infecções fúngicas ou bacteriológicas.
A recomendação, entretanto, é quando chegar em casa, retirar a máscara e lavá-la antes de usá-la novamente (mascaras de tecido principalmente).
- “As mascaras podem causar efeitos colaterais ao usuário.”
Um pequeno estudo realizado com 39 voluntários que tinham problemas renais graves e estavam em tratamento para SARS em 2003 os pesquisadores encontraram que 75% dos participantes que usavam máscaras N95 (mascara médica) por 4 horas durante o tratamento experimentaram queda de oxigênio no sangue.
Um outro estudo realizado com enfermeiras de tratamento intensivo não observou qualquer alteração nas taxas de oxigênio, mesmo usando respiradores N95 durante o trabalho.
A hipercapnia ou hipercarbia acontece quando uma pessoa tem muito gas carbônico no sangue. A hiperventilação e alguns transtornos pulmonares podem levar a quadros de hipercapnia. Os principais sintomas são tontura e dor de cabeça, alucinações e até coma quando muito severo.
Embora haja sim o acumulo de CO2 nas máscaras, o nível de CO2 é em sua maioria tolerável pelo organismo. Segundo o CDC, “você pode até experimentar uma dor de cabeça, uma tontura leve, mas dificilmente irá desenvolver hipercapnia apenas por utilizar mascaras.
Então, usar ou não usar?
Se a pessoa decide usar máscara em público seguindo as recomendações das autoridades ou não é uma escolha que cabe à cada um de nós fazer, pelo menos em países que o uso não é obrigatório.
Embora haja espaço para discussões aprofundadas e o desenvolvimento de novos estudos considerando características geográficas e especificidades comportamentais de cada região carece de mais dados, o uso de máscaras é sim uma estratégia poderosa contra a dissipação do COVID-19.
Então eu proponho o seguinte, enquanto não ficar provado de uma vez por todas da eficácia ou não das máscaras, eu convido vocês a continuarem usando suas máscaras. Vamos usar máscaras!