Provavelmente você já deve ter ouvido falar em TDAH, mas a dúvida sobre o significado dessa sigla sempre surge.
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neuro-comportamental muito comum na infância, que se caracteriza por hiperatividade, impulsividade e/ou desatenção, que são desproporcionais à idade da criança e intensos o suficiente para afetar o seu funcionamento cognitivo, acadêmico, comportamental, emocional e social.
O TDAH é o distúrbio mental mais comum nas crianças e adolescentes e pode persistir durante a vida adulta. Esse transtorno é mais comum em meninos do que em meninas, e habitualmente é descoberto durante os primeiros anos escolares, quando a criança começa a ter problemas de comportamento ou dificuldades para se manter atenta.
Quem convive com uma criança que tenha TDAH sabe que o tratamento diário requer atenção especial. No entanto, mesmo o contato diário com elas pode suscitar algumas duvidas por parte de pais e profissionais. Dessa forma, a nossa conversa hoje será sobre o TDAH. Quer saber mais? Fique atento e boa leitura!
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE O TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE?
Apesar desse distúrbio se chamar transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, a hiperatividade não necessariamente faz parte do quadro. Existem três subtipos aceitos de TDAH:
- Tipo desatento
- Tipo hiperativo-impulsivo
- Tipo combinado (junção de ambos)
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é, portanto, um grupo de sintomas comportamentais que incluem falta de atenção, hiperatividade e/ou impulsividade
O quadro de TDAH tende a ser notado em idade precoce, sendo 1/3 dos casos diagnosticados antes dos 6 anos. O restante costuma ser diagnosticado até os 12 anos.
Estudos mostram que o TDAH está presente em cerca de 10% das crianças entre 4 e 17 anos. A forma hiperativa é quatro vezes mais comum nos meninos que nas meninas. Já na forma desatenta, o predomínio masculino é um pouco menor, sendo apenas duas vezes mais comuns que nas meninas.
O QUE CAUSA O TDAH?
Um desequilíbrio no metabolismo dos neurotransmissores, incluindo dopamina e noradrenalina, no córtex cerebral parece desempenhar um papel primordial na doença. Além disso, estudos de imagem da estrutura do cérebro de crianças com e sem TDAH demonstram diferenças significativas em muitas áreas. As crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tendem a apresentar, entre outras alterações, menor volume cerebral e cerebelar e redução da espessura do córtex em varias regiões, principalmente pré-frontal e frontal.
Essas alterações parecem ter um forte componente genético, dada a grande concordância entre gêmeos idênticos: quando um dos irmãos tem TDAH o risco do outro ter também é de 92%. Além disso, a história familiar costuma ser um fator de risco muito importante. Estudos genéticos realizados em famílias com mais de um caso de TDAH identificaram uma série de genes que parecem desempenhar um papel relevante no desenvolvimento do transtorno.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTOMAS DO TDAH?
Como já referido, o TDAH é uma síndrome com duas sintomatologias principais: hiperatividade/impulsividade e desatenção. Cada um dos tipos de TDAH tem seu próprio padrão e curso clínico.
Hiperatividade e impulsividade
Comportamentos hiperativos e impulsivos quase sempre ocorrem em simultâneo nas crianças pequenas. O TDAH com subtipo predominantemente hiperativo-impulsivo caracteriza-se ela incapacidade da criança de se manter quieta ou de controlar o seu comportamento.
As crianças com esse subtipo costumam perturbar o ambiente escolar e tem dificuldades de relacionamento. Geralmente são crianças consideradas problemáticas, que podem acabar sendo isoladas do grupo, não recebendo convites para festas de aniversários ou para dormir na casa de colegas.
Os sintomas e os comportamentos de hiperatividade e impulsividade podem incluir:
- Agitação excessiva: a criança fica batucando com as mãos, chutando a cadeira da frente, se contorcendo no assento, se equilibrando na cadeira, etc.
- Frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que a criança permaneça sentada.
- Sensação de inquietação, sentindo necessidade de estar sempre correndo ou escalando coisas, especialmente em situações nas quais esse comportamento é inapropriado.
- Dificuldade para jogar jogos de forma calma ou silenciosa.
- Está frequentemente “a mil por hora”. É uma criança cheia de energia, que não para quieta.
- Dificuldade em esperar a sua vez.
- A criança “fala pelos cotovelos”.
- Costuma dar respostas rápidas sem pensar muito no que vai dizer. Às vezes, responde antes mesmo da pergunta ter sido finalizada.
- Frequentemente interrompe a conversa ou as atividades dos outros.
Os sintomas hiperativos e impulsivos geralmente são notados ao redor dos quatro anos de idade. O mau comportamento vai se tornando pior e atinge o seu pico aos 8 anos. A partir dai, o quadro começa a melhorar até se tornar menos perceptível na adolescência. Os sintomas hiperativos costumam melhorar mais rapidamente que os sintomas impulsivos.
Déficit de atenção
O subtipo predominantemente desatento do TDAH caracteriza-se por uma capacidade reduzida de atenção e velocidade menor de processamento e resposta. As crianças parecem sonhar acordadas, tem dificuldade de concentração e parecem ser mais lentas.
Os sintomas e comportamentos de desatenção podem incluir:
- Falhas em prestar atenção aos detalhes, cometendo frequentemente erros por descuido ou negligencia nas tarefas escolares.
- Dificuldades em manter a atenção nas aulas, conversas, jogos ou leituras mais prolongadas.
- Parece não ouvir, mesmo quando lhe falamos diretamente.
- Não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares, geralmente por perda da concentração
- Dificuldades em organizar tarefas e atividades ou de manter materiais e pertences em ordem. É uma criança desorganizada, com dificuldade de gerir o tempo.
- Evita, não gosta ou reluta em envolver-se em tarefas que requerem esforço mental consistente.
- Perde objetos necessários para tarefas ou atividades, como materiais escolares, livros, chaves ou peças de roupa.
- Facilmente distraído por estímulos irrelevantes ou pensamentos não relacionados.
- Esquece-se com frequência das atividades quotidianas, como trabalhos de casa ou tarefas domesticas.
Os sintomas do déficit de atenção não costumam ser evidentes até a criança ter entre oito e nove anos de idade, pois muitos deles são comuns em qualquer criança.
COMO SE DÁ O TRATAMENTO DAS CRIANÇAS COM TDAH?
O TDAH não tem curta, mas pode ter os sintomas reduzidos naturalmente conforme o desenvolvimento humano no período da adolescência e idade adulta. De qualquer forma, cerca de 50% das pessoas com este transtorno, continuam apresentando os sintomas durante toda a vida.
O tratamento na infância e adolescência para o TDAH é multidisciplinar, ou seja, demanda o suporte de profissionais de várias áreas, como psiquiatras, psicólogos, pedagogos e fonoaudiólogos.
As estratégias de tratamento para crianças com TDAH variam de acordo com a idade.
Crianças de 4 a 5 anos
Para as crianças em idade pré-escolar que apresentam os critérios de diagnostico do TDAH é recomendada terapia comportamental como tratamento inicial. Essa terapia pode ser administrada pelos pais ou professores com apoio do médico e de um pedagogo.
A adição de medicamentos à terapia comportamental só costuma ser indicada se não houver nenhum progresso com o tratamento não-medicamentoso. Exemplos de situações em que o inicio da medicação pode ser justificado:
- Risco de expulsão da creche ou pré-escolar por mau comportamento.
- Comportamento que traga risco significativo de lesão para outras crianças ou cuidadores.
- Lesões do sistema nervoso central suspeitas ou confirmadas, como por exemplo, aquelas provocadas por exposição pré-natal ao álcool ou à cocaína.
- Quando os sintomas de TDAH interferem com outros tratamentos necessários.
Quando a medicação é necessária nessa faixa etária, a mais indicada é o estimulante metilfenidato, também conhecido pelos nomes comerciais Ritalina ou Concerta.
Embora possa parecer um contrassenso tratar o TDAH com um medicamento considerado estimulante, ele funciona porque aumenta a oferta de neurotransmissores cerebrais como a dopamina e noradrenalina, que desempenham papeis essências no pensamento e na atenção.
Crianças acima de 6 anos
Nas crianças em idade escolar e adolescentes, o tratamento inicial pode ser feito com medicação e terapia comportamental. A escolha entre medicamentos estimulantes e não estimulantes depende das características de cada paciente. A opinião da família deve ser sempre levada em conta na hora de começar o tratamento com remédios.
Os melhores resultados ocorrem quando uma abordagem multidisciplinar é utilizada, com pedagogos, pais, terapeutas e pediatras trabalhando em conjunto. Atividade física regular também ajuda.
Os estudos sobre alterações da dieta no paciente com TDAH até o momento não foram conclusivos. Alguns médicos sugerem um teste de 5 semanas com uma dieta sem conservantes e corantes artificiais, com pouco açúcar refinado, glúten, leite e ovos.
É importante tem em mente sempre que cuidar de uma criança com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade pode ser um desafio para toda a família. Os pais podem ser prejudicados pelo comportamento de seus filhos e o estresse de lidar com o TDAH pode levar a conflitos conjugais. Esses problemas podem ser agravados pela carga financeira que o transtorno pode impor à família.
COMO CONVIVER MELHOR COM O TDAH?
- Seja fiel ao tratamento: após o diagnóstico do transtorno, algumas tarefas serão recomendadas pelo medico e é necessário o total cumprimento e adesão para que os resultados sejam eficazes. Lembre-se que o TDAH não tem cura, mas pode ter os sintomas controlados.
- Não tenha vergonha de ter TDAH: pode parecer embaraçoso assumir o TDAH, mas mais constrangedor é o preconceito e a desinformação alheia. Não deixe que a opinião de outras pessoas prejudique o seu desafio em ajudar o seu filho(a) a superar os sintomas.
- Nem tudo que está na internet é verdade: o melhor caminho para se informar sobre o seu transtorno ou transtorno da sua criança é com o médico especialista ou com profissionais de saúde especialistas no assunto. Muitas informações não são verídica ou estão desatualizadas.
- Procure atividades prazerosas: além do tratamento com a terapia, encontrar hobbies, praticar exercícios físicos e principalmente, atividades ao ar livre, poderão ajudar a criança a lidar com os sintomas e ter uma perspectiva de sucesso de tratamento ainda maior.
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